Aos que dizem que “Deus fará”…

Há muitos anos (muitos!) acompanho essa necessidade que certos cristãos têm de colocar palavras na boca de Deus. Eu mesmo já cometi esse erro muitas vezes.

“Deus fará”, “seu milagre vai chegar”, “essa será uma semana abençoada”, “Deus está preparando”….

Frases bonitas. Em muitos casos, a intenção é boa. Mas ocorre um problema: quem as profere, não tem o menor controle sobre o que está falando. É simples assim. Você não manda em Deus.

O pior nestes casos é que suas “frases positivas”, suas “declarações de fé” e seus “atos proféticos” tocam no coração dos necessitados e geram esperança. A esperança é algo bom. Mas gerar esperança em algo que você não controla, é irresponsável.

Sim, pois se aquilo que você “profetizou”, “declarou”, não acontece, você toca sua vida normalmente e a “vítima” do seu otimismo fica lá, sozinha, com sua dor. Na sua vida nada muda. Na vida dela, adiciona-se uma frustração.

Por isso, passou da hora dessas pessoas serem cobradas. Sim, cobradas. Vai declarar alguma coisa na vida de alguém? Se não ocorrer, que se cobre de quem falou.

“Ah, mas estou só declarando pela fé”. “Ah, mas não era o momento”. “Ah, mas talvez não tenha sido agora, mas não sabemos o tempo de Deus”. “Ah, mas tem que ver a fé da pessoa também”.

Ninguém aguenta mais essas desculpas!

Se você pretende “profetizar” alguma coisa, é melhor ter certeza do que está falando. De minha parte, já chegou meu limite de ver pessoas abandonando a fé e as perspectivas porque “as promessas de Deus não se cumpriram”. O problema é que as promessas não eram de Deus, mas nem sempre se tem discernimento para isso.

Deus fará apenas o que Ele quiser. Você não manda em Deus e não recebeu procuração. O método profético do Antigo Testamento acabou. Não há mais UM porta voz de Deus, a não ser Cristo.

Respeite a dor das pessoas. A menos que você queira fazer algo concreto, ajudar de verdade, fique longe. Sua “fé” está destruindo muito mais do que você pode imaginar.

Fale do Evangelho. Da obra de Cristo na cruz. Da esperança na glória e do perdão dos pecados. Fale do amor, da misericórdia, da piedade. Mas não fale do que você não sabe. Não prometa o que não te cabe cumprir.

“Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são…” – Lucas 9.55

A morte não deveria acontecer. Simplesmente não era o plano original…..

Se uma pessoa se vai, uma que seja, há um lamento profundo diante do espírito do Evangelho.

Não importa quantos anos ela tinha, qual a causa da morte, como ela viveu…. a morte não deveria acontecer. Deus não nos fez para isso.

Não digo que a violência nunca seja necessária, como para repelir uma injusta agressão, por exemplo. Sim, há estes casos. Mas estes momentos também nos mostram que algo já deu muito errado por aqui.

Lamentar, chorar, refletir…. quando há morte de um semelhante há luto na alma do cristão.

Somos seguidores de um Jesus que foi torturado, por isso repelimos a tortura. Somos seguidores de um Jesus que foi injustiçado, por isso repelimos a injustiça. Somos seguidores de um Jesus que foi morto, por isso pranteamos a morte. Somos seguidores de um Jesus que, durante sua tortura, perdoou seus inimigos…. por isso amamos, mesmo contra as circunstâncias.

Mas, mais importante: somos seguidores de um Jesus que ressuscitou, por isso amamos a vida e celebramos a esperança.

O cristão não quer se associar às injustiças. Não quer parte na violência. Não faz homenagem a torturadores. Não oprime. O cristão chora com os que choram….

O que passar disso, é anti cristão e anti Cristo.